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Você é o que você consome!

Oficialmente de férias (até que enfim!), o que não me falta é tempo. Assim, estou com overdose de televisão e internet já no segundo dia de ócio.

Apesar de não ser uma programação nova, aliás, de novo o stand up comedy e o jogo de improviso não tem nada, percebi que este tipo de entretenimento virou um vício de audiência nos canais de TV e na web. Esta incidência mais do que relevante, por esta em todo canto e nas mais diversas formas, me chamou a atenção para o movimento da programação cultural sem ...programação. Sim, parece redundante, mas o improviso virou uma das formas mais assistidas de programação e entretenimento.

Este fato levanta a questão da cultura pela não cultura e o movimento ideológico da crítica pela chacota e graça, o que talvez justificaria a inércia. Parece que quanto mais cultos poderíamos ser, mais obtusos nos tornamos.

Sendo o meio de comunicação em massa a forma mais fácil e ágil de distribuir informação, teoricamente deveríamos utilizar este instrumento para disseminar e consumir assuntos que pudessem auxiliar em nossa formação pessoal. Contudo, o que vemos é totalmente o oposto, com a divulgação de mensagens desprovidas de conteúdo construtivo e que proliferam o movimento da banalização dos indivíduos e o consumo desenfreado das sub-produções.

Devo salientar que minha crítica não tem como alvo o tipo de entretenimento e sim quem faz consumo de seu produto sem entender a mensagem que este tipo de programação traz. A questão é que para fazer graça com situações do cotidiano e relação com itens culturais, é necessário ser no mínimo bem informado. Portanto, no geral o comediante deve ser atento às situações que o rodeiam e ter uma ótica apurada para conseguir produzir humor com estes materiais coletados do dia-a-dia. O que questiono é a cultura dos consumidores deste produto que não se preocupam em ir além da informação disponibilizada para a massa.

Sei que parece crítico demais e até mesmo um pouco inadequado para uma produtora deste tipo de material e usuária tão cativa dos instrumentos de comunicação, mas penso que é preciso estarmos mais atentos ao que consumimos intelectualmente, pois assim como a ingestão de comida com gordura saturada transforma nossos corpos, o consumo desenfreado de bebida traz dor de cabeça (no sentido figurado e literal), o consumo de material cultural desprovido de conteúdo resulta em uma intoxicação permanente do intelecto.

Prefira Corcovado a Rebolation, Seinfield a Nós na Fita ... Fique atento, você é o que você consome!